quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Um pouco da Psicossomática


      A psicossomática na atualidade tende a ser uma orientação independente, com alguns projetos de se tornar uma formação específica, mas ela ainda permanece vinculada à medicina e à psicanálise, da qual procede. 
A expressão "psicossomática" aparece pela primeira vez na história em 1818, com o pesquisador J. A. Heinroth, em seu estudo sobre "as paixões sexuais na evolução da tuberculose, da epilepsia e do câncer". O psiquiatra alemão Heinroth, da escola vitalista, utilizou o termo "psicossomática" vem sendo utilizada com várias conotações diferentes, até se definir em 1946 como sendo a interação mente-corpo que conhecemos atualmente.
Apesar de não ter sido um termo elaborado por Freud, a psicossomática se desenvolveu no campo da psicanálise, a partir dos estudos do próprio Freud e de alguns de seus seguidores, como Sandor Ferenczi.
 Naquela época, Freud ainda utilizava o método da hipnose e observou que os traumas reprimidos geravam alguns sintomas físicos, sendo que este processo foi denominado por ele de "histeria de conversão": se a emoção original foi descarregada não através de um reflexo normal mas por um reflexo "anormal", este último é igualmente liberado pela lembrança. A excitação decorrente das idéias emotivas é 'convertida' numa manifestação somática.
Os trabalhos de Cannon e de outros psicofisiologistas foram complementados pelas pesquisas de Hans Selye sobre o estresse , onde se descobriu as doenças de adaptação. Em suas pesquisas, Selye observou o estado de tensão nos organismos submetidos a 'agentes estressores' tais como: dor, frio, fome estados tóxicos ou infecciosos e incluiu por extensão as influências psicológicas. Ele observou todas as reações adaptativas do organismo a estes agentes estressores e chamou de 'doenças de adaptação' todas aquelas decorrentes do uso excessivo destes mecanismos de defesa orgânicas . Entre estas doenças de adaptação, ele incluiu a úlcera péptica, a hipertensão arterial, algumas formas de artrite e lesões miocárdicas e todas elas foram reproduzidas de forma experimental: os trabalhos de Selye foram de vital importância para entender-se a atuação do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal como um dos principais mecanismos fisiológicos de regulação neuro-humoral, podendo, sob certas circunstâncias, funcionar patologicamente e produzir distúrbios funcionais ou orgânicos. A participação hipotalâmica foi comprovada por Groot e Harris em 1930.
O pesquisador Elliot demonstrou que a transmissão nervosa se faz através dos neurotransmissores, que são liberados nas terminações nervosas e interagem com os receptores das células efetoras. Estes agentes da ação nervosa são comandados pelo cérebro e por intermédio deles, o cérebro pode regular o comportamento, o estado de humor e os movimentos. 
Os neurotransmissores também atuam nas glândulas endócrinas , sintetizando algumas enzimas que produzem hormônios e também secretando estes hormônios. Portanto, os atuais estudos psicofisiológicos acompanham todo o processo físico-químico que ocorre em nosso organismo, bem como os caminhos funcionais destes processos. Os psicossomaticista entendem, a partir destas pesquisas, que antes de acontecerem as lesões anatômicas existem os distúrbios afetivos e funcionais.
Cada acidente, doença ou dor de nosso corpo se manifesta como símbolo de algum processo que acontece no psiquismo. 
Através das associações de idéias, a pessoa pode revelar e descobrir o que o sintoma quer comunicar para ela a respeito dos processos inconscientes que estão acontecendo no momento.

  

Quando o psicanalista encontra a ideia que originou tal sintoma e conscientiza seu paciente da relação entre esta ideia e o surgimento do sintoma, esta consciência pode levar a uma melhoria do quadro orgânico. Se o sintoma for entendido enquanto símbolo e tratado como tal, o psicanalista pode ajudar seu paciente a melhorar e até se recuperar do quadro orgânico.
   
( material de apostilas de transpsicanálise e estudos-Andre Keppe  e pesquisas)
                             
marcia ortiz - psicanalista
marciaortiz20@yahoo.com.br


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